quinta-feira, março 08, 2007

uma das coisas boas de estudar cinema é entregar e ter boa nota em trabalhos assim..:




Inúmeras são as fotos que despertam algo forte em mim, e no processo de eleição de uma entre todas não procurei escolher a qual “mais” gosto ou a que em mim mais suscita sentimentos românticos, mas recaí sim sobre a minha paixão mais “fresca” - mais propriamente de domingo passado - que tem a particularidade de me “encher as medidas” a nível de composição, de conteúdo subjacente e ainda a nível dos sentimentos que desperta em mim.

Gosto que seja um retrato e um retrato alem do mais espontâneo, não sei porquê mas dá-me mais gozo quando algo é captado exactamente como era naquele instante, sem a artificialidade da pose ou da intervenção no espaço para lá da composição natural visionada pelo fotografo.
Gosto também de intrusões ousadas mas pacificas, de captar um momento intimo de alguém sem a sua permissão ou sua consciência do facto.
Neste caso a Traci estava absorta em seus pensamentos e, levando os dedos aos lábios num impulso de recolha em si mesma, sorri com o pensamento (contou-me ela mais tarde) de ter uma vontade incrível de rolar por aquele monte de areia abaixo.

As diagonais do mar e do banco de areia convergem algures fora do enquadramento e dão, pelo menos para mim, uma sensação de profundidade grande e que me fascina. Por outro lado outras linhas diagonais feitas de pegadas na areia unem-se por detrás da cabeça dela como que levando a atenção, de quem vê a foto, para ela embora a sua cabeça esteja situada no canto inferior direito, e essas “diagonalidades” nas duas direcções proporcionam uma dinâmica interessante que contrasta com a serenidade e quietude da Traci.

Gosto da tonalidade, o azul e os tons quentes e o verde do cachecol e de como o mar e a areia se dissolvem e se confundem num branco, dada a luz intensa de fim do dia que se vivia. Gosto da linha laranja provocada pelo sol no contorno do perfil do seu cabelo e da textura que provoca. Gosto das texturas em geral desta foto, na areia, no mar, do cabelo (e aquela mancha de raio de sol nele que mal se nota mas está lá). Gosto de que seja a areia e o espaço atrás dela que se encontram focados e não ela, até porque, de certa forma e para alem de muitas outras coisas, tal me dá uma sensação de estar de facto perto dela e em cumplicidade com o seu momento.

De certa forma, conhecendo a pessoa e o seu tipo de personalidade e “alma”, a sua beleza interior e exterior e talento artístico (muito para lá daquilo que eu alguma vez conseguirei atingir) e só a maneira de ela ser em essência tal como a vejo, faz com que sinta que todos os elementos unidos aqui “são” a Traci e a ela se adequam de uma maneira ao mesmo tempo forte e harmoniosa.

A única coisa que me desagrada (mas “ligeiríssimamente”) na foto é o facto de o cabelo dela estar cortado mesmo na ponta, tê-lo-ia cortado um pouco atrás para trazer mais equilíbrio à composição, - e sei que posso facilmente alterar esse detalhe com técnicas computorizadas - mas, como referi acima, prefiro não intervir.

Para acabar, é natural o contexto do dia, que foi para mim um dia mesmo fabuloso, ajuda imenso a que goste imenso desta foto.