domingo, dezembro 31, 2006

Se eu tivesse hj e neste momento comigo um filh@, entregarlhe-ia, independentemente da sua idade, para as mãos o livro de ilustrações com estas palavras...
:

“""""Primos são quem vem de longe com novidades
Novidade é, por exemplo, ter nascido mais um primo.
Nascer é o que nos acontece antes de nos acontecer alguma coisa

neto é quem prefere acordar com histórias para adormecer.
História é o que se conta mesmo que não tenha acontecido
Acontecer é a coisa que mais poder tem e que por vezes não devia ter
Padrinho é quem nunca se esquece de trazer sol.
Sol é o que está sempre a brilhar, mesmo por cima das nuvens.
Nuvem fica tão triste por esconder o sol que chora, quer dizer, chove

Avós são quem tem sempre as memórias à mão
Memória deve andar no bolso para nos lembrar em que bolso a trazemos
Bolso é o lugar onde os segredos se contam pelos dedos

Irmãos são quem dá passos de pés juntos
Passo: meio de transporte de quem anda a pé
Meio de transporte: colo da mãe o mais seguro, cavalitas do pai mais apreciado


Pai é quem consegue brincar sem deixar cair nada no chão
Brincar é a mais divertida das coisas sérias
Sério: é tudo aquilo que quisermos levar
a sério

sobrinhos são quem só pára quando já não tem espaço para mexer
espaço: temos muito quando somos pequenos e pouco quando somos grandes
Pequeno: é o que devíamos responder quando nos perguntam “o que queres ser quando fores grande?”

Tia é quem nos leva de viagem e nos deixa espreitar pela janela
Espreitar é o que fazemos quando os nossos olhos são maiores que o mundo
Mundo é uma bola tão grande que se torna difícil jogarmos com ela

Mãe é quem anda sempre a semear flores por onde passa
Semear é dar o que queremos receber
Querer é obrigar os desejos a fazer ginástica""""""""""""
Eugénio Roda

segunda-feira, dezembro 25, 2006

NATAL EM MINHA CASA


votos de feliz natal amigos! aqui da festa natalicia Lima de Faria, (na única casa portuguesa ond literalmente limpamos o cu ao pai natal=:P)

sexta-feira, dezembro 22, 2006

rapaz descartável

rapaz descartável, childlike eyes
imersos em nadas experientes de tu vida
cabelo e barba cortados à medida
exacta
por uma régua de vanidade inconfessável

pegarte-ia pelos ombros
desajeitava-te o cabelo, lançarte-ia ao mar
tu de mãos certas
de corpo certo
roupa "certa"

tão diferente de ti mesmo...
porquê?

mostrate-ia o casamento das palavras pelas folhas
lançarte-ia pinceladas violentas de vermelho
e largava-te
rapaz descartável
fumando um cigarro numa esquina
perfumado

- porque estás aqui? porque não foges? -

eternamente esperando...

terça-feira, dezembro 19, 2006

some photos de um trabalho para a escola sobre "espaço" ao qual chamei "o último cacilheiro do dia (passageiros do rio)"
















Barco pessoas rio luz viagem mudança tempo
agregados

Entardece no rio, o fiel Cacilheiro aguarda

De olhos e sentidos acordados observo. Todos a bordo, a margem lisboeta antes de partir, sentam-se as pessoas onde escolhem e aguardam,
esperam à sua maneira que a viagem comece
tempo,
Une-nos a travessia conjunta envolta de rio que embala ou desperta, e entra pelas janelas, unimos uma margem à outra. Não se trata de uma viagem vazia/pragmática de transporte publico, não se pode se não ser levado pelo espaço, (quase indissociável das pessoas ), a paisagem impõe-se e acompanha-nos com brandura,
mar, cordas, imagens que conhecemos desde infância, a nossa cidade ao fundo, o baloiçar, serenidade. Contemplamos juntos, humildes perante a beleza do que é oferecido pela janela, mesmo que não o olhemos, a esta altura do dia. O barco faz o seu caminho. Partilhamos o mesmo sentimento, noção da desimportância do tempo, mesmo que sós.

Será para nós, enquanto no barco, chegar ao destino o mais fundamental? É nisso que nos concentramos? Gozamos o caminho. Passageiros do rio.

De repente, num momento efémero e único, a luz viva de fim do dia infiltra-se pelas janelas, ilumina “brincando” com sombras e cores. Cientes ou não o ambiente altera-se. A paisagem de fora confunde-se com a de dentro, mais em tons de amarelo.
Uns olham, outros pensam, deixam o sono os levar, espreitam o fim da viagem sem aparente pressa - tantos destinos, diferentes histórias, estamos perto e longe mas juntos.

O barco, tendo passado pela outra margem, retorna o seu caminho, as janelas são mais que nunca quadros azuis. O sol já não se mostra forte, o dia irá findar, outro certamente virá. Um marinheiro em serviço pára, contudo, e dá a si tempo para vislumbrar a mudança de cores do dia. Atracámos, mas alguém ainda dorme profundamente.

A ponte da cidade, presente, formamos também nós pontes.

Esta viagem termina outra começará, eterno movimento. De volta à realidade do tempo, sem o comentarmos, saímos diferentes, a última viagem da tarde do “cacilheiro” deixa algo em nós. O ultimo momento das pessoas juntas antes de se separarem e irem cada uma à sua vida, é a saída pelo túnel.
Será que a viagem persistirá nelas?

o cacilheiro afasta-se..

domingo, dezembro 03, 2006

fui