sábado, julho 05, 2008

Musos (4/07/08)

Para eles
jamais seria concebível
procurar assunto
sobre o qual escrever.

Escreviam porque
continham em si uma
força inexorável que os impelia a denunciar,
a proclamar,
a contar, a reclamar...

ou simplesmente a amar

as palavras
e vê-las tornarem-se linhas curvas,
congregando-se,
lançadas ao mundo.

Escreviam porque
sabiam que tinham de ser lidos
e nostalgiavam o futuro.

‘verdade que punham de lado suas obras passadas
- como a jornais que já não documentam o agora
ou doces aos quais as línguas já hão extraído o sabor –

mas se os abandonam é apenas
para abrir caminho
ao (de novo) que irá ser...

Depois,
bem mais tarde,
quando acreditaram nada mais haver que
por eles podesse ser escrito...

foram enterrados

e das suas campas nasceram flores
raras e belas
(ainda que tortas)

e suas (e seus) amantes e filhos
retiraram as curvas, por congregar, do peito dos musos
assegurando que
as obras,

agora eternas
(ainda que eternamente incompreenssíveis),

jamais deixassem de mover a tempestade.



- - - - - -
(...)
(eu? Terei eu que ser lida?
SIM. Porém tudo o que tenho de dizer
não se rende às palavras

Torna-se musica e movimento

são sons, imagens, cores,
paisagens, sabores...
é apertar e braços e beijos.)

2 Comments:

Blogger Maria Manias said...

tens um jeito com palavras que me surpreende e me faz sentir orgulho em partilhar uma amizade contigo :)
tenho muito que aprender contigo

12:02 da tarde  
Blogger Olive said...

Cat,

Não deixes de escrever, fazer música. Crias sempre com bondade.

***

11:26 da tarde  

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