domingo, outubro 22, 2006

reciclagem de um sentimento sobre uma gota (ou desordem gramatical II)

Duas. palavras.

Olham-se.

impressas a preto em papel branco por detrás de um vidro
«10hs. Frio que se vê. chove.»

Na solidão de não serem lidas; que sábias!
saberem ser certo não haver alma por perto
que sinta…
a silenciosa distância entre o eterno caminho das milimétricas coisas vivas.

Tal como abrimos os olhos de forma diferente,
num acordar inesperado a horas mais propicias a outras correrias,
percorre naquela altura, no corredor destas palavras, um ar soturno, ausente de risos, porém belo, - if not only, pela ausência de contemplação das almas que hoje não correm às escadarias. -
«10hs, cinzentas de chuva».

Não é entendida decerto toda a viagem pelos céus vencendo ventos,
o frio, o incerto
- resumo para todos na certeza de cada momento seguinte de qualquer pequena vida. -.
Não é notada a forma única de uma gota que não se iguala a mais alguma da nuvem em que foi concebida.

Passa uma pomba.
depressa o som produzido pela chuva preenche os espaços do Passos…
de tal forma que jamais qualquer música preencheria.
E as paredes e as janelas carregadas do cinzento e do tempo em que existem
mudam as cores mas subtilmente
..e não haverá alma para reparar nisso…

A aventura, sem fim nem início, de uma gota entre tantas, entrevendo de cima o caminho do seu retorno ao mundo terreno….Fundindo-se desmultiplicando-se, outra e outra vez, numa janela antiga, num segundo andar na cidade de Lisboa «por volta das 10h da manhã a uma quinta»

1 Comments:

Blogger Maria Manias said...

os escorpiões escrevem muita bem...

10:55 da tarde  

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